segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Manifesto da Igreja Presbiteriana do Brasil sobre o acordo firmado entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé, e a “Lei Geral das Religiões”


IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL, representada pelo Presidente do seu Supremo Concílio, diante do momento atual, em que forças organizadas da sociedade manifestam sua preocupação pela aprovação do texto do Acordo que vem labutar contra a laicidade do Estado Brasileiro e cercear a liberdade religiosa através de manifesta preferência e concessão à Igreja Católica Apostólica Romana de privilégios por parte do Estado Brasileiro, em face dos termos do Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé, firmado no dia 13 de novembro de 2008, vem a público, considerando que:



I. - O Vaticano, embora um Estado Soberano e Pessoa Jurídica de Direito Público Internacional, é a sede política e administrativa da religião Católica Apostólica Romana e, portanto, um Estado Teocrático. Todo acordo entre Ele e o Brasil que contemple matéria envolvendo assuntos referentes à dimensão da fé e não a assuntos temporais agride o princípio da separação entre Estado e Igreja, que é uma conquista obtida pela nação brasileira e se constitui na base da nossa República;


II. - Para Igreja Católica Apostólica Romana, as demais religiões e seus ritos próprios são apenas “elementos de religiosidade” preparatórios ao cristianismo verdadeiro, do qual ela é exclusiva detentora: “Com efeito, algumas orações e ritos das outras religiões podem assumir um papel de preparação ao Evangelho, enquanto ocasiões ou pedagogias que estimulam os corações dos homens a se abrirem à ação de Deus. Não se lhes pode, porém atribuir à origem divina nem a eficácia salvífica ex opere operato, própria dos sacramentos cristãos. (DECLARAÇÃO "DOMINUS IESUS" SOBRE A UNICIDADE E A UNIVERSALIDADE SALVÍFICA DE JESUS CRISTO E DA IGREJA);


III. - A identidade jurídica peculiar do Vaticano, a apresentar-se ora como Estado, ora como Religião, facilita a tentativa de ingerência e pode confundir administradores sobre os limites das concessões, quando tratam de assuntos que transcendem aqueles meramente administrativos e temporais. E, por ser o Vaticano um Estado, não pode impor ao Estado Brasileiro a aceitação de sua religião e da Igreja que representa para a obtenção de privilégios e vantagens diferenciadas;


IV. - É inegável que tal Acordo é flagrantemente inconstitucional, pois fere a Constituição da República, que destaca em seu artigo 19: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-las, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; (..); III – criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”. Ora, o Estado do Vaticano é o REPRESENTANTE da Igreja Católica Apostólica Romana. O ACORDO, portanto, é INCONSTITUCIONAL e não pode prosperar num Estado Democrático de Direito, pois fere a cláusula pétrea da Constituição da República no caput do Artigo 5º, ou seja, o princípio Constitucional da ISONOMIA;


V. - Que o referido Acordo Internacional nos artigos 7º, 10º e, principalmente, 14º, impõe DEVERES ao Estado Brasileiro para com a Igreja Católica Apostólica Romana nos planejamentos urbanos a serem estabelecidos no respectivo PLANO DIRETOR, que deverá ter espaços destinados a fins religiosos de ação da Igreja Católica Apostólica Romana, contemplando a referida Igreja com destinação de patrimônio imobiliário;


VI. - O termo católico após a expressão “ensino religioso”, contido no Acordo, afronta a previsão do § 1º do artigo 210 da Constituição da República, que preceitua: “O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental”. O Acordo com a Santa Sé consignou no § 1º do artigo 11 que: “O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental...”. Trata-se de evidente discriminação religiosa;


VII. – a aprovação pelo Congresso Nacional do referido Acordo conferiu privilégios históricos à Igreja Católica Apostólica Romana em nosso País reconhecendo-os como direitos, constituindo norma legal, uma vez que acordos internacionais, conforme a Constituição de 1988, têm força de lei para todos os fins. Aquilo que a história legou, a cultura vem transformando e o Direito não pode aceitar por consolidar dissídio na sociedade brasileira, que tem convivido de forma tolerante com o legado, mas não o admitirá como imposição contrária ao direito à liberdade de consciência, de crença e de culto, amparado pela Carta Magna e pelo Direito Internacional;


VIII. - De igual forma, o Projeto de Lei n.º 5.598/2009 e o PLS 160/2009 denominado “Lei Geral das Religiões”, já aprovado pela Câmara Federal e pelo Senado, mero espelho do Acordo, incorre nos mesmos equívocos de inconstitucionalidade e desprezo à laicidade do Estado Brasileiro, estendendo as pretensões da Igreja Católica Apostólica Romana a todos os demais credos religiosos. O nivelamento no tratamento pelo Estado às religiões não pode ser amparado por fundamentos manifestamente inconstitucionais que agridem a soberania do Brasil e retrocede-nos ao indesejável modelo do “padroado” no Império.


Ante o exposto, em consonância com a Palavra de Deus, sua única regra de fé e prática, e com a sua doutrina, a IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL manifesta-se contra a aprovação do Congresso Nacional do referido Acordo Internacional ou de qualquer norma legal que privilegie determinada religião/denominação em detrimento de outras; não considerando a cidadania dos ateus e agnósticos também presentes no Brasil, consagrando ingerência de Estado Estrangeiro sobre o Estado Brasileiro e afrontando a separação entre o Estado e a Igreja, preservada em todas as Cartas Constitucionais da República Brasileira.


A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL reitera sua submissão e intercessão em favor das autoridades constituídas, mas não abre mão de seu ministério profético nesta geração a denunciar todo e qualquer desvio contrário ao Estado de Direito e à Lei de Deus.


Brasília – DF, outubro de 2009
Rev. Roberto Brasileiro Silva
Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

I.P. Finsocial - Nao podemos perder a direçao....


Você deseja vivenciar uma igreja segundo o coração do Pai? Se nós temos amor a Deus, é claro que iremos responder sim a essa pergunta. Queremos estar nos trilhos certos que nos levarão a sermos uma comunidade fiel, relevante aonde Deus nos plantou. Só que nessa história, quando tentamos imaginar este quadro, podemos pensar numa igreja segundo o nosso coração! E é aí que nós nos perdemos!
O erro começa quando nossa busca pela fidelidade começa a ter como parâmetros aquilo que está na “minha” cabeça. São visões pessoais que advém da pretensão de que é possível conhecer os princípios de Deus pela minha intuição sem passar pelo exame e obediência das Escrituras Sagradas.
Talvez seja por isso que temos visto bizarrices como as relatadas pelo Pr. Ricardo Gondim em seu artigo “quatro episódios e muitas inquietações”. Em um desses episódios, ele nos fala sobre um pastor que havia aprendido a importância de “decretar sua cidade para Deus”. Segundo o que ouviu, se ele não fizesse essa declaração de posse, o diabo iria continuar fazendo o que queria com as pessoas da localidade onde morava. Indignado com a situação e após um tempo de jejum e oração, ele teve a seguinte “revelação”. Como os lobos e os leões que demarcam o seu território urinando sobre ele, assim ele deveria fazer como legítimo representante de Jesus, o Leão da Tribo de Judá. E lá foi o pastor e seus companheiros, com muitos litros dágua em mãos, “urinando” em pontos estratégicos da cidade numa tentativa de “recuperar” o senhorio de Cristo naquela região.
Será que esse é o reflexo de uma igreja que está nos rumos de Deus? Ao examinarmos a Bíblia veremos que não. Os ensinos de Jesus, as experiências no livro de Atos e as doutrinas explicadas pelos apóstolos não ensinam atitudes assim.
Porém ao olharmos à realidade da igreja hoje, não podemos ser também apenas críticos. Nosso desafio não é somente discernir o que é errado ou exagerado. Estar no rumo quer dizer também fazer o certo. Deus não deseja que sejamos apenas críticos, mas atores na Sua história.
E que Deus faça da I.P. Finsocial e de todo seu povo:
Uma igreja mais impactante e menos barulhenta – Hoje somos percebidos pela sociedade e somos perseguidos, mas não pela nossa fidelidade a Deus. O que temos produzido é barulho! Somos como o címbalo que retine (I Co 13.1): todos percebem, mas não produz diferença. Que sejamos o bom perfume de Cristo (II Co 2.15) e ajamos na prática com amor e graça para com as pessoas, trazendo vida para os perdidos e denunciando a perdição dos valores da sociedade.
Uma igreja em busca de santidade e não em busca de experiências – “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,” (Hebreus 12.14). Queremos muito estar perto de Deus e acreditamos que a única via é a experiência que nos provoca arrepio. São nesses momentos que acreditamos estar próximos do Pai. A Bíblia nos fala que nossa busca é pela transformação pessoal, pela mudança de atitude! Se uma experiência vai nos levar a isso, amém, porém ela não é um fim em si mesmo. A finalidade da nossa busca é sermos “conformes à imagem de seu Filho”(Rm 8.29)
Que Deus nos livre de sermos uma igreja crítica com tudo e todos e incapaz de realizar algo. Que Deus nos livre também de nos transformarmos em uma igreja sem auto-crítica, seguindo o seu próprio coração e feliz porque está conquistando as suas coisas do seu jeito. Que Deus nos faça uma igreja em seus rumos.

Konkombas

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Nao Somos Bruxos!!


Pastores fazem caça às (crianças) bruxas na Nigéria

Parece que não é somente no Brasil que a igreja evangélica está doente. O "charlatanismo cristão", isto é, em nome de Cristo, está atingindo níveis mundiais e explorando a miséria humana. É um absurdo o que homens que se dizem "cristãos" estão fazendo na Nigéria. Será que chegamos ao fundo do poço?
Vejam como nossos "irmãos" estão espalhando as "boas novas" (ou serão más novas?):

Pastores de igrejas evangélicas na Nigéria estão acusando crianças de serem bruxas, levando ao abuso e a crueldade indiscritíveis a crianças inocentes.

Elas estão sendo abandonadas pelos pais para morrerem, isso quando não são mortas, espancadas, queimadas, envenenadas, enterradas vivas, amarradas a árvores, entre outras crueldades.

Estima-se que cerca de 5.000 crianças foram abandonadas desde 1998, e que de cada 5 crianças abandonadas, uma acaba morrendo, e as que sobrevivem ficam em estado de choque.

Os pastores fazem parte das igrejas evangélicas "Assembléia do Novo Testamento", "Igreja de Deus das Missões", "Evangelho Monte Sião", "Glória de Deus", "Irmandade da Cruz", "Liberdade do Evangelho", entre muitas outras.

São os pastores que dizem que as crianças estão enfeitiçadas, e eles prometem fazer um exorcismo para curar as bruxas mediante pagamento, que pode custar 3 a 4 meses de trabalho.

Com a grande maioria das pessoas não podem pagar, elas abandonam as crianças, ou utilizam outros métodos para tentar "curá-las".

Esse é o link da notícia, em inglês:

http://www.guardian.co.uk/world

Qual Curso? Qual Profissao?




Estas são perguntas cruciais que precisam ser respondidas por muitos jovens cristãos em tempo de vestibular. A resposta dependerá da cosmovisão de cada um. Antes de responder às perguntas mencionadas acima o jovem cristão precisará responder perguntas tais como “Para que eu existo?”; “Por que eu estou aqui?” e “Qual é o fim principal do homem?”.

A mentalidade de nossa sociedade de consumo entende que nós existimos para consumir e para aproveitar a vida. “Consiga tudo o que puder”. “Desfrute tudo o que conseguir” Eis as máximas que governam a vida neste mundo. Para a mentalidade posmoderna consumir e aproveitar são o fim principal do homem.

E, por estarem inseridos e mergulhados nesta mentalidade consumista, muitos jovens cristãos escolhem a direção de seus estudos com base no prestígio e na posição futura. A maioria dos jovens, influenciados pela mentalidade consumista, vão para o campus universitário fazendo a seguinte pergunta: “O que posso conseguir aqui que facilite o meu consumo e o meu prazer?”

Todavia, segundo a Escritura, Deus criou os seres humanos a sua própria imagem, de modo que a sua glória pudesse ser demonstrada, conhecida e desfrutada por eles. E esta verdade deveria nortear todas as áreas da nossa vida, inclusive a escolha que fazemos da faculdade e da profissão.

Richard Baxter escreveu em seu livro “O Pastor Aprovado” o seguinte: “Os homens mais santos são os mais excelentes estudiosos das obras de Deus, e ninguém, exceto os santos, pode estudá-las ou conhecê-las corretamente. As obras de Deus são grandes e, eles as procuram para ter prazer nelas, mas não para si mesmos, mas para Aquele que os criou. O seu estudo de física e outras ciências não merecerá uma grande dedicação, se Deus não for a pessoa que você esteja procurando nele. Ver e admirar, reverenciar e adorar, amar e deleitar-se no Senhor, como exibido em suas obras – esta é a verdadeira e única filosofia… Esta é a santificação de seus estudos, quando são devotados ao todo poderoso, e quando Ele é o fim, o objeto e a vida neles.”

Eu sei que tudo isto pode parecer revolucionário e radical demais. Mas a fé cristã é de fato revolucionária e radical. Por isso, que tal considerar esta idéia radical e revolucionária? Que tal considerar que Deus te entreteceu no seio de sua mãe quando lá te formou de maneira assombrosamente maravilhosa (Salmo 139.13)? Que tal considerar que Deus te deu uma combinação exclusiva de dons, talentos, habilidades e desejos (Romanos 12 e 1 Coríntios 12)? Que tal considerar que o propósito de todas as coisas criadas é trazer glória e honra a Cristo e que Ele possa ter a supremacia sobre todas elas (Colossenses 1.16-18)?

E se criássemos os nossos filhos, não para estudar e trabalhar em alguma coisa simplesmente para nos deixar orgulhosos, mas se os criássemos para que pudessem descobrir o caminho de Deus para eles? E se nós os criássemos de tal forma que Deus pudesse utilizar os dons que lhes deu para a sua própria glória? E se os ensinássemos a fazerem as suas escolhas levando em consideração a supremacia de Cristo? Creio que tudo isso seria abençoadoramente revolucionário.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Voltando a Simplicidade!


Numa pequena vila montanhesa, o vento soprava suavemente, em especial durante a primavera. No alto de um morro atrás da vila, o vento era muito mais forte. As pessoas subiam até lá de vez em quando para sentir o vento em plena força. Ele se precipitava das montanhas, desgrenhando os cabelos, congelando as faces, tirando-lhes o fôlego.
Certo dia, os moradores da vila construíram um pequeno santuário no alto do morro. Ergueram quatro paredes e um telhado, mas deixaram grandes janelas abertas de modo que as pessoas ainda podiam sentir o vento.
Depois de algum tempo, construíram um santuário maior e mais bonito. Mas alguns começaram a ficar preocupados com a chuva. Às vezes a chuva caía e entrava pelas janelas. A água estava deixando manchas na parede, no assoalho e nos assentos.
Foi por isso que colocaram vidros nas janelas. Vidro liso, claro, de modo que ainda podiam ver a paisagem do lado de fora, ver as montanhas e o vale. As pessoas vinham e desfrutavam, observavam através da janela, o vento balança as árvores e varrer a encosta das montanhas. Não podiam mais sentir o vento, mas gostavam da vista.
Mas coisas novas aconteceram. Um dia, os habitantes da vila, ao se tornarem mais prósperos, resolveram decorar as janelas com pinturas e quadros. Por fim, vitrais requintados substituíram o vidro liso que foi colocado antes.
O santuário ainda continua ali. É um lugar lindo bem preservado e muito freqüentado. As pessoas fazem peregrinações a esse lugar. Entram no santuário, ascendem as luzes, curvam-se em orações e lembram o que costumavam sentir quando o vento se precipitava das montanhas desgrenhando os cabelos, congelando as faces e tirando-lhes o fôlego (SNYDER, 1997).
Esta história trouxe ao meu coração as palavras do Salmo 131: “SENHOR, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando a procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim. Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma”.
Nossa vida cristã sempre se inicia com o reconhecimento da presença de Deus quando descemos morros, fazemos caminhadas pelos vales, subidas às montanhas, sentimos a brisa no rosto, nos maravilhamos com a água brilhante do lago, as ondas do mar e a areia da praia.
Aos poucos as preocupações do dia-a-dia obscurecem nossos olhos limpos, tampam nossos ouvidos, embaralham nossas pernas e nos distanciam da simplicidade de Deus. São muitos os cristãos que abandonaram a simplicidade do evangelho e construíram verdadeiras catedrais interiores, cheias de complexos e traumas que os distanciaram de Deus.
Nossa tarefa como cristãos é resgatar a sensibilidade e a simplicidade do evangelho pregado por Jesus Cristo. Precisamos abrir as janelas da alma e arejar a mente, limpar a visão e ouvir o som da voz de Deus. Nossa alma precisa de sossego, mas antes é preciso faze-la “calar” na presença de Deus.
Que Deus nos abençoe.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"O Sapo tem olho gordo mais so vive na lama"


Vindo para a igreja, vi essa frase colada no para-choque de um carro e fiquei pensando no quanto ela reflete o tipo de espiritualidade popular que vivemos no Brasil. Ainda mais porque ao lado desse adesivo, havia outro dizendo “Jesus Cristo é o mesmo hoje, ontem e sempre”.
O título desse editorial reflete uma crença comum até mesmo em pessoas que crêem no Jesus, da Bíblia. A idéia do “olho gordo”, popularizada em adesivos e em programas de humor é de que é preciso ficar em silêncio sobre nossos projetos e conquistas, pois a inveja e cobiça dos outros podem transformar nossa vitória em derrota. Esse olho tem um poder mágico de alterar o futuro e roubar nossas conquistas.
O mais curioso é que existem cristãos vivendo essas crendices populares, como se fossem verdadeiras. Eles até criaram um modo de adaptar a sua fé a essa realidade dizendo palavras mágicas evangélicas como “Tá amarrado” em atitude de defesa contra olhos gordos e afins. É Deus de um lado e o sapo de outro.
Esse problema não é novo. No Antigo Testamento, lemos que Deus alertou o seu povo para que quando entrasse em uma terra não tentasse moldar a sua fé às crenças locais. O plano do Senhor não era que essas duas espiritualidades convivessem, mas que a fé verdadeira fosse vivida e a crendice fosse tirada do meio do povo: “Agora, pois, temei ao Senhor e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao Senhor” Josué 24.14.
Quando fomos comprados por Deus, não fomos comprados pela metade! Não nos tornamos “meio do Senhor”, mas ainda debaixo do poder dos deuses desse mundo. Somos integralmente dEle! A Bíblia diz que “aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca” I João 5.18b. O mal pode nos tentar para que olhemos o pecado com prazer, nos acusar de nossas faltas e tentar nos oprimir, mas não pode tocar em nossa vida deliberadamente sem a permissão do Rei Todo-Poderoso como se estivéssemos sob sua égide. Pertencemos ao Senhor!
Houve um homem na Bíblia que achou que era possível acender uma vela pra Deus e outra pro diabo. “Apontai-me uma mulher que seja médium, para que me encontre com ela e a consulte” disse o rei Saul (I Samuel 28.7). No final, vimos que a adivinhação foi uma grande trapalhada e era melhor que o rei tivesse permanecido com sua posição inicial quando “eliminou da terra os médiuns e adivinhos”(I Samuel 28.9)
E práticas como “trabalhos espirituais” e coisas parecidas? “Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel; agora, se poderá dizer de Jacó e de Israel: Que coisas tem feito Deus” Números 23.23. Na linguagem popular: Não pega! Para o crente, o olho gordo precisa de dieta e os trabalhos são um mero gasto de dinheiro para quem o fez. Não nos deixemos envolver por esse tipo de crença tão popular e tão falsa. Para nós, isso não é algo a considerar.
Durmamos e vivamos tranquilos. Pertencemos ao Senhor!
Que Deus te abençoe!
Rev. Felipe Telles Ferreira

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Depois eu é que sou dogmático!


É feio ouvir a conversa dos outros. Eu aprendi isso desde cedo, mas hoje não teve jeito. Enquanto almoçava em um pequeno restaurante próximo de casa, assentaram-se ao meu lado duas pessoas; uma mulher, que pela aparência tinha seus 40 anos, e um adolescente que julgo ter seus 15 ou 16 anos. Com o transcorrer da conversa, descobri que eram mãe e filho. Algumas coisas me chamaram a atenção desde o começo do meu contato com este relacionamento. Primeiramente, fui tocado pela aparente liberdade existente entre eles. Eles falavam sobre a vida do menino, sobretudo sobre a vida afetiva e sexual do garoto. Contudo, aos poucos a minha reação de admiração pela liberdade, deu lugar ao sentimento de preocupação. Aquele relacionamento parecia não resguardar a distancia necessária entre MÃE e FILHO. A mulher mais parecia uma colega de seu filho perguntando-lhe e aconselhando-lhe sobre sua vida afetiva e sexual. Percebi que pais e filhos não se relacionam mais como antes, e de sobra, descobri que estou ficando velho, apesar de ter apenas 26 primaveras. Cultivei um bom relacionamento com meus pais durante a minha vida. Tivemos a oportunidade de desfrutar de um nível considerável de intimidade durante todo o tempo em que vivi sob suas asas e ainda hoje temos tido esse privilégio. Mas meus pais sempre foram meus PAIS. É verdade que algumas vezes os desrespeitei com a língua, os respondi, mas normalmente não tinha o costume de tratá-los como meus iguais. Eu sempre tive na mente que intimidade e respeito não são conceitos que se excluem, aliás, a Bíblia diz que a intimidade do Senhor é para aqueles que o temem (Sl 25.14). Pais e filhos precisam ter uma relação de intimidade, mas não é necessário que pais deixem de ser pais, e filhos deixem de serem filhos, pra que isso aconteça.

O que mais me chamou a atenção, contudo, foi o assunto da conversa. Ambos falavam sobre a caretice dos pais da namoradinha, ou daquela que é o último casinho do garoto. A mãe interrogava o filho sobre a razão pela qual os pais da menina, não permitiam que ela ficasse até tarde com ele, nem que ela dormisse em sua casa. O garoto respondia dizendo não saber muito bem a razão pela qual isso acontecia, mas que a caretice dos pais da menina poderia ser explicada por dois fatores: 1) a família havia vindo do interior; 2) os pais da menina eram evangélicos. A conversa sobre o assunto terminou com a mãe traçando um perfil caricaturado dos evangélicos como um bando de obscurantistas, atrasados e dogmáticos (aqueles que não aceitam a opinião dos outros e acham que estão sempre com a verdade – uso a palavra no sentido pejorativo).

Pois bem, voltei pra casa refletindo no que havia acontecido e perguntando a mim mesmo: por que esta família evangélica foi tachada de dogmática? São apenas decisões diferentes. Se o mundo é tão pluralista, ou seja, aceita todas as opiniões e valores, por que os valores desta família não foram aceitos como valores válidos? A resposta é simples. É que a sociedade pós-moderna, embora vista uma roupagem de pluralismo e tolerância, também é dogmática. Com o discurso de libertar os indivíduos, a sociedade pós-moderna os escraviza. Em nossa sociedade você é livre para PERMITIR que seu filho durma na casa da namorada e vice-versa, mas não é livre para NEGAR. Você é livre para romper com os valores tradicionais, e pensar como a sociedade pensa, por que se pensar de maneira contrária, é tachado de intolerante, obscurantista e atrasado. E depois, eu é que sou dogmático!

Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas. Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá. (Salmo 2.1-5)Filipe Fontes