domingo, 26 de julho de 2009
Pára-quedas Para Situações de Crise
Você conhece aquela do homem que foi achado morto, espatifado, depois de um acidente aéreo? Nas mãos agarradas à cabeça havia um frasco em que se lia: "Pára-queda de cabelo".
Esta é uma das situações que desejo prevenir em minha vida. Não, não tenho medo de vôos; tenho medo de interpretar de maneira errada os preceitos da Palavra de Deus. Confesso também que tenho receio de parecer atrevido, falando de ajuda para expertos da ajuda pastoral. Especialmente eu, que tenho levado cada tombo! Mas não me pergunte nada além de como foi que o Senhor me levantou.
Problemas, certamente todo mundo tem. De perto, de perto, ninguém escapa. O ponto chave, entretanto, é como proceder no momento da crise, do pecado, da dor, da necessidade. Se você pensou "ler a Bíblia" ou "orar", até que acertou no pulo. Mas, cuidado! Não vá cair sentado na Bíblia nem despencar orando.
A Palavra de Deus fala conosco com o peso da glória do Senhor e a oração da fé responde ao apelo de sua graça. Nem uma nem outra, entretanto, serve de pára-quedas. Antes, são dons de Deus trazidos pelo único que desceu dos céus e para lá subiu afim de nos assegurar tudo o que precisamos para a vida e a piedade. O Senhor já providenciou para nós uma redenção eterna que inclui a justificação e a santificação. Qualquer que seja a nossa situação de queda, o Senhor Jesus Cristo é nossa salvação.
A bula bíblica prescreve o que fazer em caso de queda, fraqueza, peso, e outros tantos problemas, quer sejam provenientes do nosso pecado quer da ofensa de outros contra nós quer da ofensa de outros contra outros. Está escrito: "Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração" (Cl 3;16).
Como utilizar o que Deus colocou à nossa disposição, antes da criação do mundo, conhecendo nosso coração e seus movimentos emocionais comportamentais?
Instrução
Primeiro a Palavra de Deus traz uma instrução, dizendo que a palavra de Cristo deve ter morada no nosso coração. Gosto especialmente desta palavra: habitação. Ela enche a boca da gente. Como desejo que ela encha meu coração. Como desejo que, na hora da provação ou da tentação, minhas mãos sejam achadas agarradas à palavra de Cristo, no meu coração. Então, eu estarei vivo!
Pense nisto: onde o coração habita aí está a totalidade da vida. Não foi isso que o Senhor disse sobre os tesouros do coração e a impossibilidade de servir a dois senhores? Se nos encontramos em pleno vôo, a instrução da Palavra nos mantém no ar; e, se, porventura, já caímos, a mesma palavra é poderosa para alcançar e restaurar a força como a das águias. Tudo se trata de onde habita o nosso coração; de onde habitam os desejos do nosso coração.
Tem gente que habita o medo da punição, e vive se protegendo ou fugindo das pessoas. Inseguro quanto ao perdão dos pecados de outrora, vive repetindo as quedas num silêncio que atordoa. Outros habitam o medo da rejeição, e vivem para agradar pessoas, como se elas fossem o senhor de sua redenção: "Ah! Se eu somente fosse amado!" E há aqueles que habitam o medo da falha. São os bem-sucedidos, ditadores, manipuladores de pessoas e de massas, e sós.
Se me descubro em queda livre num desses movimentos, agarro-me firme à Palavra e levo-a ao coração: "No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro" (1 Jo 4.18-19).
Comunhão
Quando eu era "menino", caía e, caído ou levantando, ficava lá, habitando frustrações, zangas e dores. Ainda caio e choro, mas (dá licença) com a minha idade, se eu continuar me portando como menino, vão pensar que virei gagá. É claro que a gente cresce e continua menino, com sentimentos, com aspirações. Quem perde isso perde a esperança. Graças a Deus por meus irmãos (esposa, filhos, irmãos amigos e inimigos) que, na motivação de Cristo, estimularam ou espicaçaram minhas pernas para que eu prosseguisse no caminho.
Este é a segunda providência: Deus que é trino, nos criou para vivenciar a unidade e a diversidade de sua própria natureza, colocando-nos na igreja. Aí é que os meus medos são triturados na mó do amor e servidos como pão à minha fome de amor. A comunhão da fé é aprendida com sabedoria quando nos aconselhamos uns aos outros.
Quando um de nós cai, geralmente é porque andou sozinho. A ilusão de que há companhia no pecado é coisa do diabo, como descreveu C. S. Lewis: o inferno é um perene distanciamento; ou como disse J. P. Sartre: o inferno é o outro. Quando alguém deixa de habitar no Deus vivo e faz para si mesmo ídolos de substituição para se ajoelhar diante deles e servi-los, este perde de vista o descanso do Senhor; sua primeira reação é um sentimento de injustiça, ira surda que impulsiona o ódio primo do medo e corrói a alma; daí então os assassinatos de pessoas, casamentos, caráter e igrejas; os roubos de dinheiro, de tempo, de vidas; os falsos testemunhos, maledicências sonoras ou silentes; e as cobiças, invejas, ciúmes, manipulações e competições.
A receita da Palavra para a solidão pecaminosa é o aconselhamento entre os irmãos, a palavra que produz sabedoria. Tiago foi claro quando escreveu que o melhor a fazer em situação de crise é pedir sabedoria a Deus, a qual vem da prática da Palavra vivida em religião verdadeira: pureza e amor.
Adoração
É possível que você pergunte: "A adoração não deveria vir em primeiro lugar". Na história da redenção, todos os que quiseram adorar a Deus como meio de salvação, sucumbiram diante da ira divina. Você acha que Deus aceita adulação ou propina em resgate do pecado humano? Pergunte a Caim e aos que crêem que o louvor liberta. Na verdade, a verdade liberta o louvor: "Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir. Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome" (Hb 13.14-15).
Antes que alguém possa adorar a Deus, tem de habitar em Cristo, tem de adorar segundo a instrução da Palavra de Deus, e tem de deixar a oferta no altar para ir reconciliar com o irmão - para, então, louvar ao Senhor na beleza de sua santidade. Não é esta é a graça manifestada na Ceia do Senhor? Não é disso que falou Pedro quando disse que sem a santidade e a paz ninguém veria o Senhor?
Se alguém houver cometido um pecado sem solução, Deus certamente o levará. Graças a Deus! Se ainda estamos vivos, há solução. E o arrependimento e a confissão são as asas da graça e da fé que nos mantém vivos, no ar, e no chão, no caminho, correndo com a força das águias.
O verdadeiro louvor canta salmos de gratidão a Deus e concede graça aos que ouvem. Talvez seja esse o sentimento maior de quem encontra habitação na casa do Senhor, a gratidão. Se eu sou grato a Deus, satisfeito com a obra completa de Jesus, na cruz, em meu favor, e contente com a operação da unidade da fé na diversidade da igreja, então, para que pecar? E se o coração falseia, para que continuar no pecado? É Deus quem me justifica, e a igreja é quem, justificada, me recebe para restauração.
Você conhece aquela do homem que pulou da ponte, no rio Tietê, para alcançar um barco e salvar um menino da ameaça das águas? Pois é, o menino era eu. E aquela do Deus que desceu dos céus e, como homem, sofreu os medos de um homem e morreu e ressuscitou para sua redenção. Pois é, esse homem sou eu! É você! Quem poderá nos impedir de continuar na Sua redenção?
(Wadislau Martins Gomes)
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