terça-feira, 6 de julho de 2010

Eu Não Gosto de Assistir ao Culto!


Esta não é uma pastoral onde estou criando um personagem. Já usei esse recurso antes para causar surpresa no final, quando após concluírem a leitura, vocês descobrirem que, de fato, não estou escrevendo como eu mesmo, mas como outra pessoa. Portanto, acho que após o título podemos todos concluir que esta é uma confissão! Espero não escandalizar você.
Sei que além de ser cristão, sou pastor, mas, de coração reitero que eu não gosto de assistir ao culto. Que fique bem claro também que não é somente o da Igreja Presbiteriana Finsocial, mas de qualquer igreja. Seja tradicional, pentecostal, moderninho, antiquado, com hino, sem hino, com guitarra, com órgão, coral ou banda, ou tudo junto e misturado, não vejo muito propósito em ir a uma igreja para assistir ao culto.
Agora, se você me chamar para prestar culto a Deus, pode contar comigo que eu vou adorar (com trocadilho)! Essa sim é uma tarefa que não apenas nos faz bem, mas que faz parte da nossa essência e que, acima de tudo, agrada ao Pai. E pode ter certeza que não estou usando apenas um truque de palavras. Assistir ao culto e prestar culto são duas coisas muito diferentes.
Quando assistimos, temos uma postura passiva diante de tudo o que está acontecendo. Ficamos parados, inertes à espera de algo que nos desperte como uma melodia agradável e bem tocada, um choro, uma frase de efeito, uma palavra um pouco mais dramática ou engraçada de alguém que está na “direção” do culto. Entregamos a nossa atenção a quem está lá na frente, esperando que ele a estimule. Não temos nada a ver com isso! Estamos lá para receber e assim temos uma atitude consumidora, crítica e normalmente frustrante quanto ao resultado final, já que não é todo domingo que conseguimos ver tudo tecnicamente perfeito.
Aquele que chega para adorar é diferente. Ele faz para si a mesma afirmação e a mesma pergunta dos filhos de Coré “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?” (Sl 42.2). Em seu coração há um desejo legítimo de ouvir e se alimentar de Deus, por isso há saudades do Eterno. Claro que ele sabe que ali há homens, instrumentos musicais, sons, bancos e todos os outros apetrechos que compõem o momento do culto comunitário. Mas ele vê tudo como instrumentos de Deus. O fim não é aquilo que se vê, mas aquEle que não se vê. O foco está no mais importante, como afirmou o apóstolo Paulo: “não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” II Co 4.18. Como há sede na alma do adorador, há também busca! Ele não está ali esperando que alguém mexa com ele, mas que Deus o toque. A todo instante ele está buscando, prestando atenção no que o Pai quer falar. Ele ora, ele canta, ele silencia, ele ouve, ele lê, ele responde com a vida que crê, ama e deseja o Deus vivo.
Depois disso, seja sincero, não dá mais pra ficar assistindo ao culto.

Que Deus nos abençoe

Texto do Rev. Felipe Teles - com pequena adaptação.

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